Process Mining é sem dúvida uma das tecnologias de software mais engenhosas desenvolvidas no século XXI.
Ele combina mineração de dados com disciplinas de gerenciamento de processos e oferece suporte à descoberta automatizada, verificação de conformidade e aprimoramento de processos.
Nascido na comunidade científica, teve um rápido desenvolvimento acadêmico na Europa continental, principalmente na Holanda, Alemanha e Itália.
No lado comercial, também se desenvolveu inicialmente na Europa. No suporte a processos de compras (Purchase to Pay, ou, simplesmente P2P) e vendas (Order to Cash, ou O2C) em sistemas SAP, encontrou seus "early adopters" na indústria.
Um mindset predominantemente orientado para a indústria, em que estabelecer e seguir processos são mandatórios para o sucesso dos negócios, também ajudou a impulsionar sua adoção no velho continente.
Por outro lado, o Process Mining ainda está atrasado em outras geografias. As Américas, por exemplo, estão sub-representadas no último relatório Now Tech da Forrester sobre Process Mining and Documentation. As empresas globais de serviços de consultoria perguntam-se por que a mineração de processos se dá tão bem na Europa, mas não tem força na Ásia ou nas Américas.
Pode-se presumir que os norte-americanos e os sul-americanos mostram uma mentalidade menos voltada para processos normativos e valorizam mais a excelência do serviço por meio da flexibilidade e rapidez do que a conformidade com modelos de processo de referência. Também se pode reconhecer que essas economias são mais propensas a serviços do que orientadas para a indústria, e as operações voltadas para o cliente parecem mais prevalentes e relevantes do que os processos de compras, por exemplo.
De modo geral, a mineração de processos não atingiu seu potencial em todo o mundo. Está apenas arranhando a superfície de novos aplicativos, como jornada do cliente e gerenciamento da experiência do usuário, por exemplo. Economias poderosas, como EUA e China, ainda estão no início da curva de adoção de mineração de processos.
O fato é que, para que a mineração de processos atinja todo o seu potencial, ela precisa perder um pouco do seu sotaque europeu. Deve focar menos em P2P e O2C em contextos SAP e chegar à economia digital, onde as ofertas de serviços marcadas pela flexibilidade, tempos de resposta mais rápidos e excelência operacional são chaves.
A mineração de processos pode precisar desenvolver algumas novas capacidades, mas tenho certeza de que também criará um grande impacto na era digital. Ou, como a Forrester já afirmou: “Process Mining é a bússola na transformação digital”.